26 abril, 2007

Nº. de Ordem 77, 18 de Janeiro de 1949

«Exmo. Director Escolar do Distrito de Ponta Delgada

«S. R. Tenho a honra de informar V. Ex.ª que domingo último, se realizou no salão da Câmara Municipal, depois da última missa paroquial, nova palestra à cerca da necessidade da fundação da cantina escolar das escolas desta Vila, como V. Ex.ª dispôs. Encontravam-se na sala 61 pessoas. Presidiu à sessão o Sr. Dr. Portugal secretariado pelo Exmo. Presidente da Câmara e Professora Maria de Jesus Tomaz. Lembro-me ter visto na sala, entre outras pessoas, os Srs. Dr. Jaime Osório, Armando Monteiro, Abílio Botelho, Antónino Pacheco Medeiros, Laureano Monteiro, João Coelho de Fontes e as Sras. Dr. Portugal, D. Leonor Arruda, D. Fernanda e D. Salete Faria Gastão, etc. Em nome de V. Ex.ª e intrepretando o seu desejo expus à assistência a finalidade da reunião, dando em seguida a palavra ao conferente Sr. Professor Manuel de Barros. Este saudou a assistência, congratulou-se pela honra que lhe dava a presidência dum intelectual e deu em seguida começo à palestra cujo tema versou a Organização Corporativa e seu consequente valor quando aplicada às almas em flor que são as crianças, apelando para a generosidade de todos, esperando que o espírito associativo desabroche neste meio. Foi muito aplaudido, pois as suas palavras caíram profundamente no espírito dos assistentes. Pena foi não se ter registado maior número de pessoas. No final agradeci ao Sr. Professor Manuel de Barros” em nome de V. Ex.ª a sua brilhante lição. A Bem da Nação. O Delegado Escolar.
Geraldo Soares Coutinho Cabral

25 abril, 2007

Nº. de Ordem 76, 10 de Dezembro de 1948

«Exmo. Director Escolar

«S. R. Em referência ao ofício citado à margem, informo que, digo, informo V. Ex.ª que o último recenseamento escolar foi organizado de conformidade com o determinado na circular L.º 9, n.º 66, de 1 de Junho findo. Dadas, porém, as circunstâncias de instabilidade de muitas famílias residentes nesta ilha, verificou-se que muitas dessas famílias retiraram para fora desta Vila, principalmente para S. Miguel. Além das que retiraram há duas falecidas e uma impossibilitada de frequentar a escola por doença. Verifiquei, contudo, que estão ainda fora da escola algumas crianças em idade escolar. A Bem da Nação. O Delegado Escolar.
Geraldo Soares Coutinho Cabral

22 abril, 2007

Nº. de Ordem 71, 14 de Abril de 1948

«Exmo. Sr. Delegado de Saúde do Concelho de Vila do Porto

«S. R. Tendo-me sido comunicado pela Agente de ensino, professora D. Maria de Jesus Tomaz, que nos baixos da escola feminina desta Vila existe uma garage e uma oficina de bicicletas que põe em perigo a saúde das crianças que frequentam aquela escola, bem como a da professora, devido a exalação do cheiro de gazolina e óleos que por vezes enche a sala de aula, venho pedir a V. Ex.ª o favor de tomar, imediatamente, as providências necessárias para que a saúde das criancinhas que frequentam a dita escola e a da professora, não seja posta em perigo. A Bem da Nação. O Delegado Escolar.
Geraldo Soares Coutinho Cabral

Nº. de Ordem 63, 10 de Agosto de 1947

«Exmo. Sr. Director Escolar

«Serviço da República. Acuso a recepção da circular de V. Ex.ª, L.º 8 N.º 236 de 31 de Julho próximo findo. Tenho a informar V. Ex.ª que dei conhecimento a todos os agentes de ensino aqui residindo, da última circular de V. Ex.ª em que apresenta os seus cumprimentos de despedida. Em meu nome e de todos os agentes de ensino do meu concelho, desejo a V. Ex.ª e sua Ex.ª Família as maiores prosperidades, podendo V. Ex.ª levar a certeza de que é com mágoa que o vemos partir e que a sua recordação perdurará eternamente nos nossos corações. Aceite V. Ex.ª protextos da minha mais subida consideração e respeito. A Bem da Nação. O Delegado Escolar.
Geraldo Soares Coutinho Cabral

16 abril, 2007

Nº. de Ordem 58, 13 de Maio de 1947

«A todos os agentes de ensino.

«Serviço da República. Para os devidos efeitos levo ao conhecimento de V. Ex.ª que, hoje, recebi de Sua Ex.ª o Senhor Director Escolar o telegrama que abaixo transcrevo: “Ordem superior devem escolas concelho comemorar dia 15 corrente tomada Lisboa aos Moiros ponto Delegados efeitos na formação moral e cívica das crianças devem prelecções ter carácter acentuadamente didáctico e servir de tema para exercícios escritos em que se exalte espírito de cruzada que animou portugueses e se afervore ao culto do passado gratidão aos que lutaram e sofreram para nos legar uma Pátria independente e livre, ao que nele se contém. A Bem da Nação. O Delegado Escolar.
Geraldo Soares Coutinho Cabral

Nº. de Ordem 57, 24 de Abril de 1947

«Agentes de ensino das escolas femininas

«Serviço da República. Comunico a V. Ex.ª que por despacho de Sua Ex.ª o Senhor Director Escolar de 18 do corrente mês, foram as escolas femininas deste concelho autorizadas a tomar parte nas comemorações do “Dia do Lusito” a realizar no próximo dia 3 de Maio. A Bem da Nação. O Delegado Escolar.
Geraldo Soares Coutinho Cabral

Nº. de Ordem 51, 12 de Agosto de 1946

«Exmo. Sr. Director Escolar do Distrito de Ponta Delgada

«Serviço da República. No incluso vale do correio n.º 04699 remeto a V. Ex.ª a quantia de Esc. 358$20, produto dos donativos dos professores e alunos dos estabelecimentos de ensino abaixo mencionados, a favor das crianças dos países devastados pela guerra, e mais Esc. 12$40 para dois diplomas das crianças designadas na relação junta. Escola masculina de Vila do Porto (Prof. Geraldo) 14$30; Escola feminina de Vila do Porto 100$00; Escola masculina de S. Pedro 23$50; Escola feminina de S. Pedro 25$00; Escolas masculina e feminina de Santa Bárbara 183$00. A Bem da Nação. O Delegado Escolar.
Geraldo Soares Coutinho Cabral

15 abril, 2007

Nº. de Ordem 40, 14 de Fevereiro de 1946

«Exmo. Sr. Director Escolar

«Serviço da República. Informo V. Ex.ª que chegou a meu conhecimento que a Regente da escola mixta da Calheta Senhora D. Maria da Conceição Santos Medeiros, costuma entrar tarde para a escola, que sai antes da hora legal e que alguns dias não tem dado aulas. Creio, que o que a tem levado a isso é um namoro que tem com um americano com quem costuma passear, namoro para o qual me chamaram a atenção por se estar transformando em escandaloso. Informaram-me, também, que esse americano entrava na escola. A Bem da Nação. O delegado Escolar.
Geraldo Soares Coutinho Cabral

12 abril, 2007

Nº. de Ordem 144, 8 de Junho de 1949

«Exmo. Sr. Director Escolar

«S. R. Informo V. Ex.ª que deu entrada, hoje, nesta Delegação Escolar, a informação do teor seguinte: Exmo. Senhor Delegado Escolar do Concelho de Vila do Porto. Manuel Ventura de Loura, casado, residente na freguesia de Santo Espírito, concelho de Vila do Porto, participa a V. Ex.ª que tendo um filho de nome Osvaldo João Monteiro Loura, frequentando a escola masculina de Santo Espírito, onde é directora de ensino a Senhora D. Urânia, esta senhora não sei porque motivo, nos dias 5 e 6 do corrente mês, deu muitas pancadas com uma régua na cabeça do referido meu filho, ficando ele com inchações e nódoas negras a ponto de ir para a cama com bastantes dores. São testemunhas quase todos os alunos da mesma escola. Peço a V. Ex.ª se digne providenciar no sentido de não se repetir semelhante abuso e dar conhecimento ao Exmo. Senhor Director Escolar. A Bem da Nação. Freguesia de Santo Espírito, 8 de Junho de 1949. Manuel Ventura de Loura. (Segue o reconhecimento da assinatura). Informo também V. Ex.ª que oficiei à respectiva regente D. Urânia Maria Dias logo que recebi a informação, ordenando-lhe que não volte a espancar os seus alunos. A Bem da Nação. O Delegado Escolar. Geraldo Soares Coutinho Cabral.»

Propósito


Este Blog servirá para partilhar alguns factos curiosos que constam nos livros. Alguns nomes são verdadeiros, outros serão fictícios para não causar incómodo a quem constar no livro, ou seus familiares. Gostaria de não o fazer, gostaria de utilizar os nomes verdadeiros, mas como não sei até que ponto isso é legal e até que ponto as pessoas se sentirão à vontade, ficarei por aqui. Todas as opiniões, desde que identificadas, correctas e fundamentadas serão sempre bem-vindas.
É claro que, na minha opinião, não deve ser de modo algum (e atendendo mais à questão legal) ético ou forma de respeitar a História da nossa ilha, o trabalho, aquele tempo, como terá feito quem se descuidou (ou se desleixou) e deixou estes e tantos outros livros a apodrecer na escola abandonada. Actualmente já nada resta desta escola, tirando as fotografias que muitos terão tirado lá e, claro, os pouquíssimos livros que consegui salvar.
Considero estes livros uma fonte importantíssima de informação sobre a nossa ilha na altura em que foram feitos os registos. Em breves leituras fiquei a saber que, por exemplo, em Novembro de 1940 as escolas fecharam por causa "da epidemia do sarampo que graça em toda a ilha". Fiquei também a saber que o meu bisavô fez uma queixa de uma professora ao director escolar por bater num tio-avô meu com uma régua ao ponto de ele ficar de cama. Enfim, são tantas as curiosidades que estes livros têm...


Têm que resistir ao branqueamento da História.
Espero que gostem de ler e que sintam tanto interesse como eu, porque, afinal de contas, são histórias, registos, memórias da nossa Ilha.

Obs.: Os nomes que estão entre aspas são fictícios.